sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Regresso marcado

Ontem ficou decidido quando será o meu regresso a casa. O Natal será passado a bordo e irei (se o helicóptero puder cá chegar...) no dia 27 para Aberdeen. Por já ter marcado o voo para casa no dia 30, e que é complicado antecipar, a opção vai, assim, passar por ficar o fim-de-semana em Aberdeen. Já aqui referi que não é fácil conseguir usufruir das viagens para visitar os sítios por onde passamos (embora eu não me possa queixar muito...), pelo que, desta vez, terei a oportunidade de ver um pouco da Escócia, pelo menos o Nordeste. É lá que se encontra o Loch Ness e uma pequena parte das Highlands, por esta altura cobertas de neve, segundo dizem. Apesar de preferir voltar cá um dia acompanhado pela minha cara-metade, não posso deixar de aproveitar para dar uma olhada por estas paisagens místicas e históricas. Claro que vai depender do tempo que fizer mas já ando a preparar um passeio de domingo. Também tentarei conhecer um pouco da cidade, onde sei existirem alguns museus. O apartamento da companhia está estrategicamente localizado no centro de Aberdeen e não será complicado chegar aos pontos-chave a visitar.

Para já, vou passando estes dias sossegados a tentar aprender mais sobre a unidade, esperando desde já para ver como será o Natal por estas bandas.

Caso não volte a falar-vos por este meio nos próximos dias, desejo a todos um FELIZ NATAL, junto (ou nem tanto) dos que amam! Eu, por mim, longe ou perto da vista, eles cá estarão sempre no meu pensamento e coração.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Mar do Norte

Esta deve ser a primeira das muitas passagens pelo Mar do Norte que irei fazer. De repente, dou comigo num ambiente agreste, em condições difíceis, com o vento gelado do norte a assobiar, as ondas a tentar virar a plataforma, numa altura do ano em que o que é bom é estar com os pés à lareira, ou num paraíso tropical a beber mojitos ou caipirinhas, e o que sinto é uma calma imensa, por saber que estou aqui porque escolhi estar...
Apesar das dificuldades, a verdade é que a vida a bordo do Byford Dolphin me parece bastante agradável, do ponto de vista das horas de lazer: a comida é excelente, com muita variedade, os quartos são bons, com TV incluída, as salas de recreação são confortáveis, existe um ginásio, as comunicações com o resto do mundo não são difíceis e, mais importante, o pessoal é simpático e atencioso. Tendo em conta o péssimo tempo que faz por estas bandas, só assim é possível que equipas suportem as 12 horas diárias de trabalho.
Quanto a mim, o meu trabalho aqui não será muito, uma vez que o grande objectivo desta viagem é aprender a utilizar o novo sistema, nesta nova empresa. Como é meu hábito, vou tentar absorver o máximo de informação, de forma a poder estar mais confiante para os próximos projectos.
Apesar de não ter uma data definida para voltar, guardo uma secreta - agora não tão secreta... - esperança de estar em casa a tempo de abrir os presentes. Que o Universo nos escute!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Em Aberdeen

Depois de alguns atrasos, marcações e remarcações, finalmente viajei ontem para Aberdeen. O meu destino é o Mar do Norte, ao largo da Escócia, para ficar em treino na sonda, durante tempo indeterminado.
Para já, deixo aqui só esta informação, uma vez que daqui a pouco parto para o heliporto. Prometo dar mais detalhes nos próximos dias.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mudanças

Já há algum tempo que não escrevia nada. Um pouco por preguiça, mas em grande parte porque as mudanças por que atravesso no momento assim o obrigaram. Não quis revelar antes que tudo estivesse concluído mas a verdade é que a minha vida profissional levou uma actualização. Há algum tempo atrás surgiu uma oportunidade de mudar de empresa. Depois de reflectir e de verificar se as condições eram favoráveis, decidi aceitar. Por isso é que neste momento estou oficialmente a trabalhar para a International Logging, recentemente adquirida pela Weatherford, uma das maiores companhias de serviços na indústria petrolífera.

Entretanto, já me desloquei até Plymouth, Inglaterra, local em que se encontra a sede, para assinar o contrato e participar numa formação básica. Foi uma semana agradável, apesar do frio e chuva. A cidade é tranquila, apesar de cinzenta, fazendo lembrar o Porto. A marina, o farol, a Universidade e as igrejas são locais com uma aura mística, cada um à sua maneira, e o moderno centro comercial mostra que a cidade não ficou parada no tempo.

Na realidade, esta oportunidade vai fazer com que desça um pouco na hierarquia do mudlogging, uma vez que vou voltar a recolher amostras (por alguns meses...). No entanto, julgo que este é um passo adequado, pois preciso aprender o novo sistema e adaptar-me a todas as características da nova unidade. Às vezes, é bom dar um passo atrás para poder dar dois à frente com mais segurança. Além do mais, as condições financeiras são mais vantajosas, bem como as perspectivas de crescimento na empresa.

Neste momento, encontro-me em casa, à espera de informações quanto à minha próxima viagem.

Apesar de todos os contratempos a que fui obrigado, não posso deixar de agradecer a todos na Geolog, principalmente aos colegas que sempre me trataram com respeito e profissionalismo, mas também a todos os que me deram a oportunidade de crescer, de começar uma carreira cada vez mais aliciante.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Eleições

Na passada sexta-feira, aqui em Angola, realizaram-se as segundas eleições legislativas livres, desde a independência do país, 16 anos depois das primeiras, que ocorreram num clima de tréguas, durante uma guerra que despedaçou muitas famílias e um país riquíssimo em recursos naturais. Depois dessas primeiras eleições, a guerra voltou e, dessa forma, o governo encontrou uma desculpa para não realizar nova consulta popular durante todo este tempo, alegando não existirem condições para que o processo decorresse de forma democrática e livre. A partir de 2003, reestabeleceu-se a paz e foram precisos mais 5 anos para que, finalmente, o dia chegasse.

O povo respondeu em massa, segundo rezam as crónicas, mas o resultado parece-me, a mim que não tenho nada a ver com isso, desapontador. Uma maioria esmagadora de um partido, tirando, mais uma vez, o espaço a debate e a confronto de ideias e ideais. Para nós, que vivemos numa democracia mais livre, não é concebível que haja um poder absoluto, sem possibilidade de oposição. Mesmo que seja a vontade popular, condicionada ou não por questões que limitam a liberdade de expressão daqueles que têm convicções ou propostas diferentes, esta não será a opção que trará o progresso e evolução pela qual eles mesmo anseiam. A sensação que me dá é que a maioria da população votou no partido do poder como forma de agradecimento por ter colocado um fim na guerra, preferindo ignorar as atrocidades cometidas por todas as partes durante o conflito.

A máquina democrática continua a precisar de ser construída e apenas as próximas gerações poderão mudar a situação, pois não terão a vivência traumática da guerra, limitadora de consciências e mentalidades. Uma mudança profunda na sociedade angolana só poderá suceder quando houver lugar para um debate sério e sem vícios, e quando a população estiver preparada para compreender a importância da pluralidade num sistema que se diz democrático.

É claro que isto são apenas as minhas opiniões, porque a minha esperança é que, já neste ciclo legislativo, seja possível ver uma mudança de orientação daqueles que foram mandatados para decidir os destinos dos angolanos. Julgo ser necessário um milagre, pois deixar de olhar para o nosso umbigo dá trabalho e poucos ou nenhuns estão disponíveis para isso.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Savana

Pode parecer que desapareci do mapa mas a verdade é que já pareço o Wally: não é fácil encontrarem-me no mapa… Depois de ter saído de Angola, no fim de Julho, cheguei a casa e parti, passados alguns dias, de férias: primeiro, para o centro do país, para uns dias de praia e sol, em família; depois para o norte, para um belo descanso romântico a dois, com muito passeio, belas paisagens transmontanas e dias de relaxamento bem merecido, principalmente pela minha outra metade, depois de um ano feliz mas duro…

Mal terminaram esses dias, foi tempo de voltar ao trabalho, e desde há pouco mais de uma semana que me encontro de volta a Cabinda, para mais um turno. Desta vez as coisas não estão tão tranquilas mas, mesmo assim, não me posso queixar de excesso de trabalho… Vai dando para fazer um pouco de tudo, entre trabalho e descanso.

Do que me tenho apercebido mais é da bela paisagem que nos rodeia. As surpresas estão em cada local. Descobri que por aqui há milhares de teias de aranha espalhadas pelo capim, que só se conseguem ver no início do dia, quando a neblina matinal as tinge de branco; também por todo o lado se podem vislumbrar colónias de formigas, em forma de cogumelos, esculpidas com a terra, lembrando-nos que a natureza tem caprichos que nem sempre estão visíveis para nós. Infelizmente não tenho fotos porque estou sempre no caminho de/para a sonda e com os saltos na estrada torna-se impossível...

E, por fim, voltei a ver aquele pôr-do-sol que me fascinou da primeira vez, assim como os primeiros raios de luz do dia o fazem. O jogo de cores por entre a neblina faz-me lembrar os documentários sobre a vida selvagem que me davam vontade de viajar pela savana. E agora aqui estou eu, a desfrutar daquilo com que apenas sonhava há bem pouco tempo atrás. Só faltam os leões e os elefantes...

sábado, 12 de julho de 2008

Um dia bala!

Durante um mês, os dias são todos muito parecidos. Quando um chega ao fim, enquanto não adormeço, penso no que se passou e a conclusão é quase sempre a mesma: este dia foi bala!!

Para que se perceba o que quero dizer com isto, passo a relatar. A alvorada é por volta das 4:40, para mata-bichar; depois disso, vem a viagem no machimbombo, que dura cerca de 40 minutos, por uma picada aberta no meio do capim. Chegando ao local de trabalho, são 12 horas de concentração, embora o kizomba e outros ritmos que os meus cambas pôem a tocar transforme a unidade num local agradável. Também existem dias de giboiar mas a responsabilidade que tenho não me permite desleixo. No entanto, faço tudo com gosto. Aqui não há pessoal malaike que nos fatigue e é possível bumbar sem grande stress. O almoço é às 12 horas e o pitéu é galinha, todo o santo dia. Às 18 horas, chegam os back-to-back, a gente tira o pé e é tempo de mais uma viagem no uaua. Claro que este tempo todo faz com que se chegue no cubico bem cungado. Ao jantar, a dioba é saciada com algo mais reconfortante. Dois dedos de xanxa, para ajudar a digestão, precedem a hora de dar um ducho, de matar as saudades de casa e, finalmente, campar.
Eu e os meus cambas na unidade

Acho que fui claro e que devem concordar que um dia destes é balazo! Principalmente porque é um a menos…

domingo, 29 de junho de 2008

Novo desafio

Sempre gostei de desafios e não sou de virar as costas às dificuldades. Por esse motivo, encarei esta nova função de Data Engineer com toda a vontade de ser bem sucedido.
Depois de um rig-up (montagem dos sensores e preparação para novo serviço), na companhia de outro colega a começar nesta função e de dois mudloggers com pouca experiência, no qual conseguimos dar a volta aos vários problemas que foram surgindo, penso que estarei em condições de dizer que me encontro preparado para cumprir com aquilo que é exigido de mim. É claro que não sei tudo e têm havido algumas situações em que a ajuda do colega que cá está agora (mais experiente), dos seus ensinamentos, mas também do meu bom-senso e boas bases, têm sido preciosas. Não estou no meu melhor e vou continuar a ter que me aplicar para crescer mas isso não é nenhum problema, pois sei que só com este espírito poderei atingir os objectivos que vou colocando a mim mesmo.
Neste rig, a exigência pode não ser tão elevada como em outros, por parte do cliente, mas a verdade é que ninguém gosta de pagar um serviço que não é bem feito. Por isso, dou todos os dias o meu melhor para que tudo corra dentro da normalidade.
A vida fora do rig é monótona mas vai valendo o companheirismo do pessoal todo e a ligação à internet no quarto. É a primeira vez em que, em vez de ter internet na unidade, tenho apenas no acampamento. O que não deixa de ser bom, apesar de me fazer adormecer mais tarde do que deveria.
Depois de 10 dias, o balanço é bastante positivo, com os dias menos bons, mais stressantes a resolver problemas, a serem compensados por outros gratificantes, em que vemos o nosso trabalho a dar frutos. Há, ainda, os dias como o de hoje, em que tive tempo para descansar e escrever para o blog, para ensinar alguma teoria aos colegas mais novos e até ver um filme, sem esquecer a manutenção da unidade. Neste momento de calma, é preciso retemperar forças e preparar tudo para a nova fase de perfuração que se avizinha e que trará, certamente, novas dificuldades, novas aprendizagens e novos objectivos.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Em viagem até Cabinda

Escrevo apenas algumas palavras para vos dar conta da minha súbita viagem para Angola, já esta noite. Para minha surpresa, fui avisado ontem à tarde que teria de viajar já hoje. Assim, sem grande aviso prévio, tive de preparar a mala e lá estou eu de partida para mais um novo turno. Mas depois conto mais sobre estes dias...
Além disso, vou assumir um novo posto dentro da unidade, tal como esperava, por isso estou a encarar esta viagem como um grande desafio.
Este turno vai ser em Cabinda, num local onde já estive e onde iniciei este blog, pelo que conto ter boas comunicações e continuar a dar-vos notícias... Até breve, então!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Passeios

Durante as duas semanas que durou o curso que frequentei em Milão, tive a oportunidade de aproveitar um fim-de-semana de folga, ainda para mais alargado, pois no dia 2 de Junho foi feriado em Itália.

Assim, ficou decidido (com os outros dois colegas portugueses) irmos até Lugano, na Suiça, no sábado. A cidade não é nada de espectacular mas há coisas a destacar, como a limpeza das ruas e o respeito das pessoas. A marginal do Lago Lugano é agradável, mas o momento alto ocorreu, literalmente, nas alturas, quando subimos o funicular de San Salvatore. A paisagem vista de lá do cimo do monte era deslumbrante, embora o dia nublado não permitisse aproveitar muito. No entanto, valeu a pena, quanto mais não seja pela viagem.

No dia seguinte, ficamos por Milão, a descansar. Mesmo assim, fomos dar um passeio pela cidade, pois decorria nesse dia o final do Giro D'Italia. O centro da cidade fervilhava de energia, com espectáculos ao vivo, o movimento dos adeptos do ciclismo misturado com os turistas e os locais. Além de tudo o resto, o Museo Civico di Storia Naturale encontrava-se aberto, sem pagamento de entrada, pelo que aproveitamos para o visitar.

No feriado, a visita foi, desta feita, ao Lago Como, no norte de Itália. O tempo pregou uma partida e a chuva marcou o dia. Talvez por isso, não fiquei entusiasmado com o local, referenciado como um dos de eleição para as férias dos italianos e outros turistas. Pode ser que durante o Verão seja mais atractivo... De qualquer forma, existem algumas curiosidades, como o pontão em que os casais colocam cadeados a selar o seu amor.

Nessa noite, tive, ainda, a oportunidade de assistir na Piazza Duomo a um concerto de Andrea Boccelli, com orquestra e amigos. O ambiente estava fantástico, com a praça lotada. Claro que eu pouco vi para o palco, mas o ecrã gigante permitia acompanhar bem de perto o concerto. Fica o exemplo para o nosso país, onde as manifestações culturais gratuitas são muito limitadas e, geralmente, confinadas à cultura pop. Esta até pode ser a minha preferida, mas também gostava de ver espectáculos diferentes, como o que assisti em Milão.

E assim foi um fim-de-semana diferente, bem passado, mesmo tendo em conta que me faltava uma metade, aquela com quem partilho tudo...

Aprendizagem

Desde que me conheço que acredito que se aprende mais praticando. Em tudo o que faço, tento adquirir capacidades e conhecimentos no dia-a-dia do trabalho. Todas as oportunidades são boas para evoluir e todos os dias são aproveitados para descobrir algo novo ou desenvolver novas aptidões.
Quando comecei neste trabalho, tinha as bases de geologia mas não sabia nada de equipamentos de perfuração, pouco de mecânica e electricidade. Por isso, o curso inicial foi importante para poder desempenhar as funções a que me propunha. Mesmo assim, foi durante os primeiros turnos que cresceram os meus conhecimentos desta indústria e, em particular, das diferentes situações que ocorrem durante a perfuração.
Nesta altura, mais de um ano depois de ter iniciado, sabia que estava preparado para assumir mais responsabilidades. Sendo assim, foi uma questão de tempo até ter a oportunidade de fazer um curso mais desenvolvido, onde poderia aprender mais como funciona a nossa unidade de trabalho, em termos de hardware, das relações entre os sensores e o nosso sistema de aquisição e tratamento dos dados. Não posso dizer que não tivesse já alguma informação consolidada sobre estes assuntos mas estas duas semanas de formação vieram assentar ideias e preparar caminho para poder ir para o terreno com mais confiança. De toda a formação que tive até agora, neste trabalho, esta foi a que mais me agradou, pois permitiu-me perceber como desempenhar as minhas funções sem me preocupar com surpresas. Se cumprir certas tarefas básicas, o meu trabalho fica facilitado.
Tal como disse no início, o melhor treino é a prática mas sinto que agora vou estar mais preparado para superar dificuldades, para contornar problemas e para resolver situações de stress.
Agora é só esperar pela chamada para começar mais esta etapa da minha vida. Para já, vou aproveitar este tempo de descanso...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Mais um curso

Ontem fui informado da data do curso que esperava frequentar. Depois de algumas semanas de espera, é já no próximo fim-de-semana que viajo para Itália para lá ficar durante duas semanas.

Esta formação vai, finalmente, proporcionar-me a promoção que ansiava e que tem vindo a ser adiada nos últimos meses. No próximo turno, já deverei ser Data Engineer, com o respectivo aumento de salário e também de responsabilidade.

Não receio esta nova fase, pois tenho trabalhado para ela, sabendo que irei ter a possibilidade de novos vôos, num futuro breve. É isso que busco, pois tenho objectivos, não só profissionais, que tenciono atingir. Com esforço e dedicação, sei que posso continuar a evoluir e a dar alegrias aos que me apoiam.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Momentos felizes

Depois de tantas peripécias para chegar a casa a tempo do casamento, pensei que iria andar ansioso nos dias anteriores à celebração mas a verdade é que aquelas 3 semanas, bem necessárias para tratar dos últimos preparativos, correram tranquilamente e chegou o dia 26 com bastante segurança no passo que iria dar. Também foi curioso que tenha passado os últimos dias sozinho na nossa casa, pois a Sofia decidiu ficar em Leiria para estar mais próxima dos detalhes que restavam (incluíndo vestido e cabeleireira). Claro que sentia saudades mas já estamos tão habituados à distância que esses dias foram passados de forma natural.

A cerimónia religiosa foi muito simples mas intensa e ficamos muito orgulhosos de como conseguimos marcar a diferença... não vou dar todos os detalhes, deixo isso para aqueles que estiveram presentes e que podem dar o seu contributo, comentando o post.
O jantar e copo-de-água também foi bastante interessante. Optamos por um local tranquilo e adequado ao número de convidados (Quinta da Ramila) e penso que foi uma excelente escolha. Comida óptima, bom serviço e surpresas agradáveis foram alguns factores que nos fizeram sentir felizes. Acima de tudo, o que importava era a companhia dos nossos familiares e amigos naquele dia tão especial e, apesar de algumas ausências importantes, conseguimos ver que todos estavam a passar bons momentos ao nosso lado. A todos, muito obrigado!
A noite de núpcias, assim como a seguinte, foi passada em Fátima, no Hotel Dom Gonçalo & SPA, num ambiente romântico e sossegado.
De seguida, veio a lua-de-mel. Ao contrário do que normalmente se faz, optamos por ficar em Portugal, seguindo para o Alto Alentejo, onde ficamos alojados nas Pousadas de Portugal, primeiro no Marvão e depois em Vila Viçosa. Mais uma fantástica escolha, sobretudo a de Vila Viçosa, onde passamos dias de pura harmonia. Eu não conhecia praticamente nada naquela região, pelo que aproveitamos para fazer o nosso tipo de férias: à aventura, embora sem descurar o conforto. Durante 5 dias percorremos toda a área circundante, visitando cidades, vilas, castelos, palácios, igrejas, conhecendo melhor a comida regional e apreciando a paisagem tranquila do Alentejo, como é exemplo a vila medieval de Monsaraz.

A verdade é que esses dias passaram rapidamente, como seria de prever, e agora estamos de regresso à rotina. A Sofia voltou ao trabalho e eu continuo à espera de notícias quanto ao meu próximo destino, depois de novos desenvolvimentos relativos ao meu passaporte. Na véspera do casamento soube que o passaporte tinha aparecido com o visto; o problema é que, uma semana antes, tinha ido dá-lo com perdido e tirar outro, para o enviar para Angola. Ou seja, agora tenho um passaporte inválido com um visto de trabalho e um passaporte válido sem visto... Não sei como vai ser resolvida a situação, pois já me informei e não há volta a dar quanto ao passaporte extraviado, já não o posso utilizar...

Também espero ir a Itália entretanto, para participar no curso que me vai permitir subir de categoria, por isso, vou aguardar para ver o que sucede...

Enquanto isso, vou fazendo, além de outras coisas, algo que me dá muito prazer: cozinhar para a minha Esposa!!!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Enfim, em casa!

Não estava a ser fácil regressar desta viagem mas, no final, lá foi possível encontrar uma solução, pelo que este post já está a ser escrito de casa...
Na verdade, o meu passaporte continua em parte incerta, dentro do labirinto que imagino ser o Serviço de Migração e Estrangeiros de Angola. Para conseguir voltar a tempo de finalizar os preparativos do meu casamento, foi necessário recorrer à Embaixada de Portugal e requerer um Título de Viagem Única (ou um salvo-conduto) para que pudesse abandonar Angola de forma legal. Na passada quinta-feira fui ao Consulado de Portugal em Angola e no mesmo dia à tarde já estava na posse do documento que me permitiria viajar. Dessa forma, na sexta-feira já estava a caminho de casa.
Mesmo assim, não foi fácil abandonar Angola, por diversas peripécias que pareciam querer indicar que o destino não estava muito de acordo... Só com persistência e bastante paciência é que tudo se resolveu. Primeiro, o responsável pela agência não atendia o telemóvel à hora que combinamos encontrar-nos no aeroporto. E era ele que estava na posse do documento, pois seria necessário um carimbo dos Serviços de Migração, algo que se revelou falso. Passada meia hora do combinado, lá conseguimos estabelecer ligação com o pessoal da agência, que, afinal, já se encontravam no aeroporto. De seguida, fui levado para uma sala VIP, enquanto tentavam perceber até que ponto o documento seria suficiente para viajar. Depois começou a aventura do check-in, em que fui sendo encaminhando para vários guichet's, passando à frente dos restantes passageiros, ouvindo reclamações, até que, por fim, decidi que iria esperar a minha vez, como qualquer outro. Ao fazer o check-in, fui informado de que o meu nome não constava do sistema informático e que só poderia viajar se pagasse uma multa por ter adiado consecutivamente a viagem. Mais um compasso de espera enquanto a minha escolta verificava essa situação, até que, finalmente, foi dada a ordem para se proceder à emissão do bilhete e embarque da mala. Com toda esta confusão, não dei conta que apenas me tinham efectuado a viagem para Lisboa, quando eu tinha reserva para o Porto.
Ponto seguinte de paragem: Serviços de Imigração. Por incrível que pareça, foi o mais fácil, porque, pelos vistos, todos os funcionários já estavam avisados da situação e não levantaram qualquer questão. Depois de estar, finalmente, sentado no meu lugar no avião, uma última "prova" de incompetência: havia outro passageiro com o mesmo lugar que eu, pelo que tive de esperar que todos os passageiros entrassem para verificar se haveria lugares vazios, o que se veio a concretizar. E então, tudo o resto correu mais calmamente, mesmo com a adversidade de ter que recuperar a bagagem em Lisboa, ter que me deslocar para o Terminal 2 por minha conta e efectuar novo check-in para a viagem para o Porto. Felizmente, o tempo entre a chegada a Lisboa e a partida para o Porto foi suficiente, senão, novo momento a pedir paciência teria sucedido...
O melhor de tudo é que já cá estou e que posso, enfim, resolver todas as questões ainda pendentes relativas ao casamento, aproveitar estas últimas semanas com a minha namorada e descansar um pouco...
Quero agradecer a todos as mensagens de apoio e cumprimentar aqueles que me têm procurado a pedir informações, prometendo-lhes que nos próximos dias irei dar novidades... Peço desculpa mas, para já, quero "curtir" um pouco o meu sofá, ver as dezenas de mails que se foram acumulando e pôr alguns assuntos em ordem.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Ainda em Angola

Depois de ter ficado na sonda à espera de notícias sobre o meu passaporte, foi decidido que seria altura de sair de lá e vir para Luanda, uma vez que os 40 dias a bordo já estavam a causar estragos no meu ânimo e concentração. Assim aconteceu, no sábado, pelo que passei este fim-de-semana na capital.
Apesar de serem umas férias forçadas, não podia deixar passar esta oportunidade para conhecer um pouco da cidade. De modo que aproveitei para fazer um pouco de praia na zona da Ilha e conhecer as locais de diversão nocturna. Foi bom descansar um pouco e relaxar dos dias de isolamento.
O stress de não saber quando vou sair daqui e voltar a casa não me saem do pensamento mas tenho tentado não me deixar afectar demasiado com esta lamentável situação que só vem corroborar o que disse anteriormente sobre a falta de organização e a burocratização das instituições. O que me deixa mais revoltado é o facto de outros colegas, que chegaram duas semanas depois de mim, já terem os vistos de trabalho e, por conseguinte, os passaportes prontos, e o meu ter, simplesmente, ficado esquecido ou perdido. A desculpa de que o sistema informático complicou a acção dos serviços não é suficiente, uma vez que outros pedidos posteriores já foram tratados.
De qualquer forma, tenho a convicção de que este problema será resolvido ainda esta semana e que poderei ainda chegar a tempo de ultimar os preparativos para o casamento. Pois, porque o meu grande motivo para sair daqui rapidamente é precisamente o compromisso que tenho em breve. Não é possível deixar de pensar que esta situação se pode prolongar e causar problemas graves aos quais não saberia a quem pedir responsabilidades.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Primavera a bordo

Apesar do dia de hoje não ter sido de boas notícias, a verdade é que, como me lembrou a minha grande amiga Claudia, hoje começa mais uma Primavera. Por sugestão dela, deixo aqui um pequeno registo do meu primeiro dia de Primavera a bordo de uma plataforma. Neste ponto do Mundo, agora começa aquilo a que se pode chamar de Outono. No Hemisfério Sul, as estações são ao contrário, mas os meus sentidos estão na parte Norte do globo. E se o tempo em Portugal começa agora a aquecer, as flores a desabrochar e a vida a renovar-se, por aqui o calor continua e continuará, pois frio é algo que nunca se sente por estas bandas e, se bem que não possa ver árvores e plantas, sei que a vida permanence bem presente, que o verde luxuriante dos trópicos não se esconde, antes se manifesta a cada passo.

Falando mais sobre aquilo que está ao alcance da minha visão, verifico que os animais marinhos prosseguem a sua jornada, tranquilos nas águas, fazendo as suas visitas constantes, dando-nos o prazer da sua companhia. Para falar verdade, os únicos seres vivos que se aproximam daqui, além dos humanos, são mesmo os peixes que, curiosos e atraídos pela luz nocturna ou pela comida despejada, tornam os nossos dias mais felizes, mostrando-nos que não somos os únicos a desfrutar daquilo que a Natureza colocou ao nosso dispor.

A minha visão pode estar limitada ao grande oceano mas o meu pensamento encontra-se no cantinho onde cresci, aquele que agora renasce de vida e de alegria. Além do mais, sei que esta Primavera vai ser especial, que a felicidade vai inundar ainda mais o meu mundo, que é o mesmo de todos aqueles que me têm no pensamento. Para todos esses, uma Feliz Primavera!

Últimos dias

Já não é a primeira vez que me acontece mas, mais uma vez, os últimos dias de estadia na sonda são de pouco trabalho, o que aumenta, ainda mais, a vontade de regressar a casa. Depois de alguns dias de intenso trabalho, com perfuração, intercalada por uma operação de coring, em que se recupera uma amostra “intacta” de alguns metros de rocha e que dá mais indicações sobre as características das formações, chega agora o momento de descanso para nós, na unidade, enquanto se aguarda pelos logs que estão a ser efectuados (wireline logging) e pela próxima fase de perfuração.

Neste interregno, está prevista a minha crew change, pelo que conto ir para casa nos próximos dias. A única coisa de que dependo, uma vez que já tenho a confirmação de que o colega que me virá substituir estará a caminho amanhã, é do visto no passaporte, pois, segundo informações da base, os Serviços tiveram problemas informáticos e ainda não deram andamento ao meu processo. Pelos vistos, a herança deixada pelos portugueses, inclui a burocracia; ao mesmo tempo que em Portugal se começa agora a inverter a tendência de burocratização em alguns sectores, por aqui ainda vigora o “(des)funcionalismo público”. O que vale é que esta será a última vez (assim espero…) que estarei dependente de vistos, aqui em Angola, pois este já será um visto de trabalho, válido por um ano e renovável.

De qualquer forma, fazendo um balanço deste mês, penso que evoluí tecnicamente, em alguns aspectos, uma vez que encontrei equipamentos novos e tive de aprender a utilizá-los, ao mesmo tempo que vi e acompanhei operações diferentes, como o coring. Por outro lado, trabalhei em condições mais difíceis do que estava habituado, o que influenciou um pouco o meu estado de espírito, embora não o suficiente para me fazer desanimar em algum momento. A minha força de vontade é superior às dificuldades e não tremo perante a dureza do trabalho que escolhi. Também tenho um motivo forte para ir embora: o evento que se aproxima a passos largos deixa-me ansioso e talvez tenha sido isso que me fez sentir um pouco mais de saudade e tensão. Saber que os últimos pormenores do casamento têm de ser tratados e eu só podendo dar opiniões e não podendo fazer muito mais, tornaram estas semanas mais complicadas. No entanto, tenho tido a felicidade de ter comunicação e conseguir acompanhar tudo. Além disso, sei que os assuntos estão entregues nas melhores mãos e que tudo vai suceder como desejamos.
Update: Logo no dia em que escrevo no blog sobre os meus últimos dias, recebo a informação de que afinal os Serviços de Migração e Estrangeiros não trataram ainda (?) do meu visto e que vou ter que ficar até dia 28 a bordo. Mas vou actualizando por aqui a situação...

sexta-feira, 7 de março de 2008

Perfuração e café

Estes últimos dias foram de algum trabalho, o que é bom, para variar. Este pensamento pode parecer estranho mas a verdade é que o tempo passa mais depressa quando há algo para fazer.
Neste poço que estão a furar, a quantidade de amostras que temos que preparar é bastante. No entanto, o intervalo de amostragem é alargado e, uma vez que não furam com grande velocidade, não é necessário ”correr” muito… Também tenho de reconhecer que a ajuda do sample catcher é preciosa e permite que me possa dedicar mais a ajudar o Data Engineer, verificando parâmetros, preparando relatórios e monitorizando o sistema de gás.
Esta imagem mostra a “lama”, com os cuttings, a chegar aos shale shakers (lembra chocolate, mas não é!). A este local dá-se o curioso nome de possum belly e é aqui que são colocados os equipamentos que nos permitem recolher dados sobre os níveis de hidrocarbonetos atravessados.

Numa unidade de Mudlogging com portugueses e/ou italianos, não pode faltar o café. Para o preparar, é necessário alguma criatividade e o pequeno fogão eléctrico em que se secam as amostras é o local apropriado para isso.

Desta vez, fui eu quem trouxe a cafeteria (oferta da Tia Alice – Obrigado, tia!), pois já sei que todos querem café mas todos esperam que seja o outro a lembrar-se!

Ao fim de um dia de perfuração, com amostras para recolher e sistema de gás para controlar, a sujidade é incontornável, ainda para mais neste caso em que a “lama” é à base de óleo. O calor que faz, principalmente nos shale shakers, também faz os seus estragos.


Nada melhor, depois de 12 horas num vai-vem constante, do que um banho morno (sim, já temos água quente…) para acalmar o corpo e um sono tranquilo para recuperar forças. Nem o barulho ou o movimento da sonda me roubam esse prazer de adormecer sentindo que valeu a pena mais um dia longe dos que amo. E que também é menos um para voltar a estar perto deles…

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Atlântico Sul

Neste novo turno, estou de regresso a Angola, embora desta vez em offshore, a 150km da costa (província do Soyo) e a 370km de Luanda, num local em que a profundidade de água é de cerca de 1300m, em pleno Atlântico Sul.
A bordo do semi-submersível M.G. Hulme Jr., a vida corre sem muito que fazer, uma vez que as operações não nos dizem respeito, neste momento. Dentro de alguns dias, será retomada a furação e aí começará o trabalho a sério.

Esta paragem que decorre desde o dia em que cheguei, foi benéfica para mim, uma vez que me permite inteirar-me sobre a sonda, a unidade e todos os procedimentos a bordo.
As condições de vida não são exemplares, embora também não me possa queixar: a comida é boa, a lavandaria funciona bem e o barulho no quarto, que fica localizado fora da área normal das acomodações, até nem é muito, permitindo um bom descanso. Os maiores problemas, do meu ponto de vista, são as casas-de-banho, incluindo os chuveiros, pois não existe água quente (como é evidente, o calor que aqui faz, não nos impede de tomar banho com água fria), e o facto de as comunicações não serem as ideais, uma vez que há apenas um computador partilhado ligado à internet e que está sempre ocupado. Dentro de alguns dias, julgo que teremos internet na unidade mas, para já, não me resta outra alternativa senão tentar a sorte… Em todo o caso, na unidade existe um telefone, o que, pelo menos, permite ligar à família algumas vezes por semana.

Antes de vir para a sonda, ainda passei um dia em Luanda, onde tive a oportunidade de passear um pouco. Ainda não foi desta vez que visitei os pontos mais turísticos, mas voltei a confirmar a sensação que tinha tido na anterior viagem: a cidade, e o país, em geral, tem muito para crescer e evoluir, quer ao nível das infraestruturas, quer ao nível da consciência da população. O trânsito é impossível de suportar, as estradas, se é que se pode chamar isso a algumas delas, encontram-se num estado deplorável, o lixo acumula-se em frente às pobres casas dos bairros caoticamente organizados, as pessoas deambulam sem ordem nem sentido aparente, num país com tantos recursos e onde a miséria continua a conviver paredes-meias com o consumismo e a ostentação. Apesar disto, as pessoas, duma forma geral, parecem viver numa aparente tranquilidade, que eu diria própria de uma África que procura o seu rumo, sem perder a alegria de viver.
A verdade é que começo a simpatizar com esta gente, de modos tão característicos. Não que alguma vez tivesse tido algum tipo de antipatia ou desconsideração, mas, quanto mais conheço as pessoas, melhor entendo a sua forma de vida e a luta que travam para se equipararem ao chamado “mundo civilizado”. Talvez os objectivos e os métodos de cada um não sejam aqueles que poderíamos esperar mas há que reconhecer que a sua capacidade de sobrevivência impressiona.
A Guerra Civil que assolou este país pode justificar muita coisa mas, a bem da verdade, os anos vão passando e as mudanças radicais que são necessárias continuam a processar-se lentamente, por incompetência, incapacidade ou irresponsabilidade. Segundo sei, Angola é o país de África com o crecimento económico mais acelerado, nos últimos anos, embora isso não seja visível ao nível das condições de vida da generalidade da população. Desejo, por mim, que tenciono vir para cá durante algum tempo mais, e pelas pessoas que sonham com uma Angola evoluída, que os investimentos sejam aplicados de forma correcta e que se criem as condições para um crescimento sustentado e sustentável.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Atrasos

A minha próxima viagem vai ser, como previsto, para Angola. Antes de ter vindo da última "missão" disseram que talvez tivesse de ir no dia 1 de Fevereiro para esta. No entanto, isso não se concretizou, e ainda bem, porque com tanto que tinha para fazer em casa, apenas 5 dias não davam para nada... A viagem foi, então, adiada para dia 12, ou seja, amanhã. Mais uma vez, essa data foi descartada alguns dias depois. Dia 14 era a data real, com voo marcado e tudo organizado. Hoje de manhã, novo mail dá a indicação que problemas com o visto obrigam a novo adiamento, desta feita para o dia 18. Veremos o que dá e se será mesmo esta a data correcta...
Todos estes adiamentos e, em bastantes situações, falta de organização e de timming, deixam-me descontente e tornam a minha vida uma roda viva, pois nunca sei quando vou ou quando venho, o que posso fazer enquanto estou em casa, para quando organizar algo... Enfim, estou já habituado mas causa sempre transtorno e obriga-me a pensar bem no dia de hoje para não deixar para amanhã algo que depois não poderei fazer...
Neste momento, são as preparações para o casamento que nos preocupam. Tivemos que fazer um esforço grande para entregar os convites todos nestas semanas (os que faltavam, claro) e para tratar de todos os assuntos que não poderiam ficar atrasados. Como sempre, conseguimos resolver praticamente tudo, sendo que estes dias extra em casa nos permitem terminar algumas coisas.
Tento sempre tirar partido de todas as situações e, estes adiamentos, apesar de não ajudarem a ter uma vida estável, proporcionam a oportunidade de resolver assuntos que de outra forma, iria ter que delegar. Além disso, vou passar o Dia dos Namorados em casa, o que é óptimo!!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Dia de viagem

Chegaram ao fim mais 28 dias longe de casa. É chegado o momento de voltar. E isso acontece esta tarde, espero eu... Estou neste momento à espera do helicóptero que nos vai transportar até Ravenna. Dali vou até Milão ou Bolonha, onde passarei esta noite. Amanhã por esta hora, espero estar a viajar para Lisboa...
Estes últimos dias foram de descanso, felizmente, depois de um fim-de-semana bastante atribulado e com muito que fazer...
Agora que volto a casa, reconheço que este não foi um turno fácil, apesar de os dias complicados não terem sido muitos. De qualquer forma, é mais cansativo estar em offshore do que em terra. O facto de estarmos confinados a um espaço tão curto, limita-nos e obriga-nos a estarmos focados, o que se revela uma tarefa árdua. Admito, no entanto, que a experiência não me desagradou de todo. Apesar de não ser total, a comunicação com o mundo exterior é possível, o que alegra um pouco os nossos dias.
Como já tenho conhecimento do próximo destino, que será numa plataforma offshore em Angola, sinto-me preparado para o desafio, depois de ter tido a oportunidade de descobrir como é a vida apenas com o mar no horizonte.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Vida de plataforma

A vida a bordo de uma plataforma como esta em que me encontro é um pouco diferente daquela que tinha nas sondas em terra. Primeiro porque a vista é completamente distinta e apenas o mar se encontra à nossa volta; depois, porque o espaço é limitado, o que faz com que estejamos sempre em contacto com tudo o que se passa no Rig Floor, ou seja, sabemos sempre quais são as operações a decorrer, mesmo que estejamos nas acomodações. Apenas no quarto não contactamos visualmente com os acontecimentos, o que é natural. Os dias decorrem calmamente, uns com trabalho a mais, compensando aqueles em que a espera faz o turno parecer ainda mais longo…
Um dos colegas que trabalha comigo tirou umas fotos nos primeiros dias (eu não trouxe a máquina porque não sabia se me deixavam trazê-la a bordo…) e aproveito para vos mostrar um pouco do local em que me encontro. A primeira apresenta uma visão da plataforma, vista do barco que nos trouxe. A segunda mostra a forma peculiar como somos içados a bordo. Na última, podemos ver a unidade a ser transportada para o seu destino final a bordo. Ou seja, nestas condições, um dos trabalhos fundamentais por aqui é o de gruísta, uma vez que tudo tem de ser movimentado num espaço curto e só a utilização de várias gruas o permite.


Depois de um pouco mais de duas semanas, começo já a pensar no regresso, até porque tenho novidades à espera em casa. Aliás, a grande novidade é mesmo a casa, a NOVA casa. Estou já a contar os segundos para fazer as mudanças e instalar-me no espaço que eu e a minha “cara-metade” escolhemos para passar os próximos anos das nossas vidas! Mas já estou a divagar…

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

No Adriático

Neste momento encontro-me a bordo do Ocean King, no Mar Adriático, tal como havia esperado. A única diferença para aquilo que anunciara é que estou em águas territoriais croatas e não italianas. Além disso, a viagem foi no dia 27, depois de ter passado o Natal em casa. Saí do Porto à uma da manhã para poder embarcar no avião com destino a Bologna às 08:00. O dia foi, portanto, longo, tanto que ainda tive de ir de comboio mais duas horas até ao próximo destino, Ravenna, uma cidade costeira italiana, onde se situa a base operacional para este trabalho.
Na manhã seguinte, dirigi-me, com os restantes colegas, para a base, para podermos embarcar para a plataforma. A viagem foi efectuada de barco e durou cerca de duas horas. O meu estômago não se portou lá muito bem mas, felizmente, não ocorreu nenhuma descarga ao mar.
A primeira tarde e a manhã seguinte foram de adaptação, uma vez que a unidade ainda se encontrava no navio, à espera de ser colocada no seu local. Assim, foi possível, com tempo, conhecer os “cantos à casa” e perceber como funcionava tudo, desde as refeições à lavandaria. Os dias seguintes foram mais ocupados, com a montagem de todos os sensores e colocação da unidade em estado operacional.
As primeiras noites foram um pouco complicadas: além de ter pouco tempo para dormir, também não estava ainda ambientado ao constante barulho e tremideira. Agora já durmo um pouco melhor, embora não seja tanto quanto deveria.
A entrada no novo ano foi brindada, não com champagne, mas sim com frio… Enquanto toda a tripulação festejava na cantina (toda a sonda estava deserta!!!), a nossa equipa estava à porta da unidade, a levar com o vento gelado vindo de Norte, apenas fazendo um pequeno intervalo no trabalho para ficar a ver o fogo de artifício que, a mais de 70km de distância, era possível ver na costa da Croácia. Devo dizer que, apesar de não ser o Reveillon que esperava, foi especial à sua própria maneira! Já agora, aqui ficam os meus votos de um 2008 em grande para todos!!
Neste momento, o trabalho estabilizou e posso dizer que já estou a ficar familiarizado e adaptado a esta vida no mar. As condições não são perfeitas mas também nunca esperei um cruzeiro de 5 estrelas…