sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Belo Natal... ou não!

Pois é, a vida dá voltas que às vezes nos parecem inconcebíveis... Depois de ter estado 3 meses em casa (apesar dos cursos que fui fazendo, entretanto), acabei por ser chamado para o próximo turno. E, qual "cereja no topo do bolo", marcaram-me a viagem para dia... 24 de Dezembro!! Pelos vistos, as equipas têm de seguir para a plataforma, o Ocean King, ao largo da costa italiana, pelo que percebi, no dia 25 de manhã. Logo, terei que estar numa cidade costeira em Itália, Ravenna, de onde sairei nesse dia 25, na noite anterior. A de Natal, essa mesmo...
Apesar de estar praticamente confirmado, resta ainda a hipótese de atrasos nas operações e, dessa forma, um adiamento na data da viagem. Eu estou a pedir ao Universo, acreditem!!
A GeoloG lamentou a situação e prometeu providenciar um jantar de Natal à maneira, lá mesmo em Ravenna! Não me fio nisso, mas também não me conquistam com esse gesto!
Bem sei que, quando comecei neste trabalho, poderia passar os feriados, aniversários e outras celebrações fora de casa, mas é triste ter que ir logo na véspera de Natal... Bem, também não é nada que não se ultrapasse, sei que aqueles de quem gosto vão estar a pensar em mim e eu neles!! O dia-a-dia é mais importante do que só aquela noite em particular, apesar de ir perder o bacalhau, as filhoses, outros doces e a partilha de presentes!!
De qualquer forma, desejo um Feliz Natal a todos e, se não voltar a este espaço antes, que 2008 seja um ano em grande para nós todos!!
Update: É bom pedir coisas ao Universo!!! Recebi esta manhã a informação que as operações estão atrasadas. Por esse motivo, a viagem foi adiada, possivelmente para dia 26. Como diz o Director de Operações: "Xmas is saved!"!!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Pavia e os Alpes

A minha última viagem foi a Pavia, na semana passada. A estadia foi curta, apenas de 3 noites, pelo que não explorei grandemente a cidade. Além disso, como o curso ocorreu numa aldeia a cerca de 30 minutos de carro do centro da cidade, onde se localizava o Hotel em que fiquei hospedado, chegava sempre quando já era noite, pelo que os passeios nunca foram muito longos.
Mesmo assim, ainda dei umas voltas, tendo percebido que Pavia é uma cidade jovem, em termos de população. Isto dever-se-á ao facto de ter uma Universidade. Na noite de Domingo, o comboio que nos levou a Pavia ia a abarrotar de estudantes que viriam de outras partes do país.
Os pontos mais importantes da cidade, além da Universidade, são o Castelo, de traços medievais, bem como uma ponte coberta, da mesma época. A ponte tem ainda uma característica singular: no centro, está construída uma capela.


A rua principal, pelo menos a de maior movimento, parte, precisamente dessa ponte, e está repleta de lojas. Pelo que entendi, será uma espécie de Rua de Santa Catarina lá do sítio... Também é nesta rua que se encontra a entrada principal da Universidade.

A última noite foi novamente passada em Gallarate, depois de duas viagens de comboio, de Pavia a Milão e de Milão a Gallarate. No dia seguinte, e antes da viagem de regresso a Portugal, tive a oportunidade de fotografar os Alpes, desde o aeroporto de Malpensa. Neste altura do ano, a brancura já se instalou, apesar de as encostas a Sul não estarem totalmente alvas...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Curso de sobrevivência

Na semana passada, tal como havia anunciado, estive em Itália a frequentar um curso de sobrevivência, especialmente criado para quem vai começar a trabalhar nas plataformas petrolíferas.
O investimento em segurança é grande, por parte das companhias que estão envolvidas nesta indústria, por isso, este tipo de cursos são fundamentais para nos ambientarmos com os perigos que o trabalho envolve.
Durante o curso, tive a oportunidade de aprender e praticar a extinguir fogos, utilizar máscara e botija de ar em espaços reduzidos, pouco iluminados e com fumos, evacuar uma plataforma em botes salva-vidas e directamente para o mar, com coletes, como sobreviver dentro de água em condições extremas e, no final, como reagir e agir, no caso da queda na água do helicóptero que nos transporta.
A utilização dos aparelhos necessários para todas estas emergências foi devidamente explicada e treinada, bem como foram evidenciados todos os cuidados e regras que devem ser cumpridos no exercício da nossa actividade.
Este curso foi realizado num centro de treinos perto de Pavia, chamado de APT Antincendio.
Os participantes no curso eram trabalhadores nesta indústria, nas mais variadas funções. Todos os que executam serviços nas plataformas estão obrigados a receber formação e a obter os respectivos certificados.
Estes dias passados neste curso foram por mim bem aproveitados, quer pela aventura, quer pela responsabilidade que este tipo de formação acarreta. Não devemos pensar que é apenas divertido estar a escapar de helicópteros a afundar ou plataformas em chamas, mas sim que tudo devemos fazer para evitar fatalidades ou, em último caso, para tentar salvar as nossas vidas. Por mais que achemos que os acidentes só acontecem aos outros, é sempre bom estar preparado para qualquer eventualidade. Por isso mesmo, fiz questão de encarar este curso com seriedade, tentando compreender os procedimentos a tomar em caso de emergência, bem como as consequências das nossas acções, a cada momento.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Novo turno

Dois meses depois de ter chegado de Angola, embora tenha neste tempo passado por Milão para o curso, recebi finalmente ontem a notícia da minha próxima viagem. Neste momento, a informação que tenho é que vou para off-shore, faltando apenas saber se para o Mar Negro (Roménia ou Bulgária, no caso) ou para o Mar Adriático (Itália).
Por ir para uma plataforma no mar, terei de participar antes num curso de sobrevivência, algo que irá ocorrer de 3 a 5 de Dezembro, em Pavia, perto de Milão. Este curso consiste na aprendizagem de algumas técnicas e procedimentos de salvamento em caso de acidente (em helicóptero ou na plataforma, julgo eu...). Era um dos cursos que estava com bastante vontade de fazer, pela adrenalina e aventura. Apesar de ser num ambiente controlado, calculo que dê para ter uma ideia das possibilidades que temos numa situação de risco. Claro que espero nunca ter nenhuma situação destas na realidade!...
Depois, ainda com data a confirmar, mas que será entre 6 e 10 de Dezembro, irei, então, para uma plataforma num dos locais que mencionei anteriormente.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Milão

A semana passada estive em Milão, tal como tinha anunciado. A viagem valeu pelo curso de Senior Mudlogger e, como seria de esperar, pela cidade. Apesar de não ter tido muita oportunidade de passear pelo centro, ainda consegui lá dar um saltinho para visitar o Duomo e a famosa e cara Galeria Vittorio Emanuele II, com as suas lojas de luxo.

A catedral continua em obras, mas ostenta a sua beleza eterna e não deixa de ser o ponto mais fascinante de Milão. A praça encontra-se sempre cheia de visitantes e os locais utilizam-na como ponto de encontro para uma conversa de fim de tarde.

Durante a minha estadia, apenas passei a primeira noite no centro, tendo ficado, nos dias seguintes, numa pequena e simpática vila, a cerca de 10km do centro, chamada Melegnano. O hotel tinha um aspecto rústico bastante agradável e condizente com o resto do ambiente. O restaurante servia um jantar buffet extraordinário e fiquei a saber que se encontra entre os melhores de Itália. Todos os dias estava disponível um manjar digno de um rei, recheado de pratos tradicionais italianos, bem ao meu gosto. Escusado será dizer que o mais difícil é mesmo escolher...

Dando umas voltas pela vila, pequenos pontos iam chamando a atenção: as paninotecas sempre com pão quente a deixar o seu aroma no ar, as charcutarias com milhentas variedades de fiambres e queijos, as igrejas e, no centro de tudo, um castelo medieval, parcialmente destruído mas, pelo que entendi, em reconstrução.

Os dias passaram rapidamente, com o curso a ficar um tudo-nada áquem do esperado por todos, embora tenha valido a pena para poder ficar com uma ideia mais clara das várias situações que podem ocorrer no nosso trabalho.

Na última noite, fiquei num hotel numa outra cidade, perto do Aeroporto de Malpensa. A cidade de Gallarate situa-se 40km a nordeste de Milão e deu a sensação de ser habitada por bastantes imigrantes árabes e indianos. O jantar foi num restaurante cino-italiano, onde a ementa escolhida foi, imagine-se, um crepe chinês e uma pizza. Um conceito interessante que une dois tipos de cozinha diferentes mas ambos do meu agrado.

Desta cidade tem-se uma panorâmica dos Alpes e o frio que de lá vem já se sentia.

O regresso para Portugal foi no passado Sábado, com a partida a ter lugar quase duas horas depois do horário previsto devido, segundo informações no aeroporto, a atraso na saída do avião de Lisboa.

No final, a experiência valeu a pena, quer a nível profissional, quer a nível pessoal. Para mim é sempre bom conhecer pequenos lugares, pois são estes, no meu ponto de vista, que nos mostram a verdadeira essência de um país.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Finalmente...

Ontem à tarde recebi finalmente a convocação que esperava já há 3 meses: fui chamado para ir fazer o curso que me vai possibilitar subir mais um pouco na carreira!
Tal como já havia dito, o meu objectivo mais próximo, em termos profissionais, é passar a Data Engineer (Diagrafista ou Engenheiro de Dados, em português). Por isso, a oportunidade de realizar um curso que me dá, pelo menos no papel, essa categoria, é, sem dúvida, um facto que me deixa bastante entusiasmado. E, sendo verdade que para mim é importante evoluir na carreira a nível profissional (e digo desde já que esse é o objectivo que mais procuro), não deixa de contar a nível económico, pois esta possível progressão vai proporcionar-me, e à pessoa com quem estou a construir o meu futuro, um nível de vida relativamente melhor.
É claro que não quero parar por aqui, há mais barreiras a ultrapassar e posições para conquistar! Parece uma batalha mas encaro o meu trabalho duma forma pacífica. Apenas quero dar o meu melhor, sem passar por cima de ninguém, nem mesmo de mim e das minhas capacidades...
Bem, a verdade é que viajo para Milão, onde está sedeada a GeoloG, já neste fim-de-semana, ficando lá uma semana. Não devo ter muito tempo para visitar a cidade, pois a sede fica a alguns quilómetros do centro. No entanto, espero poder tirar algumas fotos e, certamente, terei, daqui a alguns dias, mais algumas histórias para contar. Para já, fica uma foto do Duomo, tirada com o telemóvel, da primeira vez que estive em Milão, onde passei um fim-de-semana de turismo (com tudo pago!) antes de começar a formação inicial para Mudlogger, na GeoloG.


quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Mudlogging

Antes de mais, e para aqueles que não sabem, estou a trabalhar na indústria do petróleo, essa mesma que faz com que o preço da gasolina aumente... Mas não pensem que tenho qualquer responsabilidade nisso! Sim, é verdade que têm de me pagar o ordenado, mas é apenas uma pequena gota no meio do oceano que envolve este negócio...
Até este momento ainda só tive a oportunidade de trabalhar on shore, em sondas (rigs) terrestres. Quem já esteve em plataformas marinhas diz que a experiência é óptima, apesar de cansativa... As condições são, duma forma geral, melhores, o que se compreende, pois ver apenas mar durante tanto tempo seguido deve ser um pouco "de loucos"...
O meu trabalho, propriamente dito, consiste, basicamente, na recolha, preparação e análise das amostras de rocha cortada (cuttings) que vão chegando à superfície. Os objectivos principais são a descrição das formações atravessadas e a identificação de hidrocarbonetos. Este é o local onde é feita a recolha das amostras (os chamados shale shakers):

Mas na unidade existe ainda mais trabalho, sem ser este. Como referi anteriormente, existem 2 ou 3 postos na unidade, sendo que o Mudlogger, caso exista Sample Catcher, deve dedicar-se a outros trabalhos, uma vez que este ajuda com a recolha e preparação das amostras.
Esta é a área de trabalho do Mudlogger, com o microscópio e o computador em plano de destaque, por serem as ferramentas principais do nosso trabalho:


A unidade está equipada com computadores que monitorizam, através da colocação inicial duma série de sensores, todos os parâmetros do furo que está a ser efectuado. Tudo o que se passa na sonda é seguido por nós, pelo que temos de ter atenção constante a qualquer variação, para se poder avaliar riscos e falhas. A detecção de gás é um dos objectivos principais da monitorização, de forma a poder prevenir "blow-outs", ou seja, explosões de fluídos, gases ou água.
A compilação de todos os dados armazenados e a interpretação de litologias, tendo em conta os parâmetros utilizados para fazer o furo, é o trabalho principal do Data Engineer, auxiliado pelo Mudlogger, que introduz dados relativos às amostras. O objectivo deste processo é o de se fazer um Log que mostre a geologia do local furado, permitindo a avaliação dos potenciais reservatórios petrolíferos.
Duma forma básica, é desta forma que se processa o meu trabalho nas sondas. Claro que muito mais há para dizer mas, caso tenham alguma questão, estejam à vontade para a colocar, pois terei muito gosto em esclarecer quem estiver interessado em saber mais sobre uma indústria que, quer queiramos quer não, influencia todo o mundo. Atrevo-me a dizer que é esta a roda que faz girar o mundo, neste momento...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Cheguei...

Já estou em casa! Depois de uma viagem cansativa mas sem problemas de maior...
O avião entre Cabinda e Luanda estava marcado para as 15h de terça-feira mas atrasou-se e só cheguei à capital perto das 18h. Ainda queria aproveitar para dar uma volta pela cidade mas cedo descobri que iria ser impossível, pois o trânsito é caótico e qualquer pequeno percurso demora uma eternidade a fazer... O escritório da GeoloG não fica localizado numa zona comercial, nem sequer perto dos locais de interesse, e foi para lá que nos dirigimos. O cansaço de estar sem dormir há mais de 24 horas também já começava a pesar e, dessa forma, achei melhor deixar o turismo para uma altura melhor.
O percurso para a guest-house, apesar de curto, levou quase uma hora a fazer, devido à agressividade e falta de bom-senso dos condutores angolanos, que não se preocupam minimamente em facilitar o trânsito mas apenas no seu próprio umbigo... A polícia também não ajuda, até porque nem sequer vi nenhum a organizar o trânsito. Os sinais não são respeitados, os sentidos muito menos, pelo que a "lei do desenrasca" impera...
Para minha surpresa, no dia seguinte, a viagem até ao Aeroporto para apanhar o avião para Lisboa foi bastante rápida. É verdade que ainda não eram 6h da manhã mas mesmo assim, o trânsito do dia anterior parecia ter sido apenas um pesadelo...
Os horários foram cumpridos e a viagem decorreu tranquilamente, quer até Lisboa, quer depois até ao Porto (neste caso, de alfa-pendular).
Pelo que estou agora em fase de descanso. Entretanto, daqui a alguns dias, escreverei mais um pouco sobre o meu trabalho, para que percebam melhor o que faço.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

De partida

Amanhã volto para casa. Para ficar um mês, assim espero...
Depois de mais um turno, desta vez em Cabinda, chega a hora de rever os amigos...
Este mês que aqui passei (mais exactamente 34 dias) decorreram de forma calma e sem grandes percalços, apesar de me terem adiado a viagem de regresso por 3 vezes. O trabalho não foi muito, apesar de termos começado a furar a bom ritmo nas primeiras duas semanas. Depois, começaram os problemas e os dias, que depois se tornaram noites, de pouco ou nada para fazer no rig. O tempo de descanso proporcionado foi aproveitado para criar este espaço, bem como para conhecer um pouco mais sobre todo o sistema. Além disso, neste turno coube-me a tarefa de treinar alguns geólogos angolanos que entraram para a empresa. Neste momento são sample catchers, mas o objectivo deles é ocupar o meu lugar de Mudlogger. Nada que me deixe apreensivo, uma vez que o meu objectivo tambem é subir de escalão para Data Engineer. Foi bom ter esta oportunidade e espero ter contribuído para a formacão de novos colegas.
Quanto a este terra, não poderei dizer muito, pois não tive muitas oportunidades de a conhecer. Apenas saí uma noite para jantar e conhecer um pouco da gastronomia. Provei Gindungo, um picante que vale a pena para gosta de se sentir a queimar por dentro! O peixe era excelente mas, infelizmente, não fixei o nome...
O que mais me surpreendeu pela positiva foi o pôr-do-sol fantástico que todos os dias nos brindava, mesmo em frente à porta da unidade. Não tenho fotos mas prometo que, se voltar, trarei a máquina e aproveitarei mais. Sei que entre falar sobre ou mostrar existe uma grande diferença...
As pessoas com quem convivi, além dos colegas, sempre se mostraram simpáticas e disponíveis, também porque sempre tentei ser o mais afável e extrovertido possível. Quem me conhece sabe que não consigo ser anti-social, por isso levo boas recordacões das conversas com o pessoal...
Espero voltar cá e, nessa altura, farei os possiveis para visitar alguns locais, principalmente as praias e as cidades de Luanda e Cabinda.
Até apanhar o avião para Lisboa, na quarta-feira, ainda vou tentar conseguir adquirir algum artesanato, bem como o famoso "pau", que aliás já está encomendado. Depois conto...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O início

Começo pelo início. Ao criar este espaço, pretendo dar a conhecer aos meus amigos a realidade que tem sido a minha vida desde que comecei a trabalhar fora de Portugal. O que faço, que sítios visito, que gentes conheço, o que sinto; tudo isto irei descrever, tudo isto tentarei levar àqueles que me lerão. Este blog é especialmente dedicado a quem sente mais a minha falta durante as temporadas que passo fora de casa, os que amo e que me amam pelo que sou e pelo que decidi fazer na minha vida. Para eles farei os possíveis para escrever o mais que puder, sempre que o tempo me permitir. Para todos os outros, conhecidos ou desconhecidos, que me lerem, espero corresponder sempre às expectativas.
Bem-hajam a todos e vemo-nos pelo Mundo!!