quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Dia de viagem

Chegaram ao fim mais 28 dias longe de casa. É chegado o momento de voltar. E isso acontece esta tarde, espero eu... Estou neste momento à espera do helicóptero que nos vai transportar até Ravenna. Dali vou até Milão ou Bolonha, onde passarei esta noite. Amanhã por esta hora, espero estar a viajar para Lisboa...
Estes últimos dias foram de descanso, felizmente, depois de um fim-de-semana bastante atribulado e com muito que fazer...
Agora que volto a casa, reconheço que este não foi um turno fácil, apesar de os dias complicados não terem sido muitos. De qualquer forma, é mais cansativo estar em offshore do que em terra. O facto de estarmos confinados a um espaço tão curto, limita-nos e obriga-nos a estarmos focados, o que se revela uma tarefa árdua. Admito, no entanto, que a experiência não me desagradou de todo. Apesar de não ser total, a comunicação com o mundo exterior é possível, o que alegra um pouco os nossos dias.
Como já tenho conhecimento do próximo destino, que será numa plataforma offshore em Angola, sinto-me preparado para o desafio, depois de ter tido a oportunidade de descobrir como é a vida apenas com o mar no horizonte.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Vida de plataforma

A vida a bordo de uma plataforma como esta em que me encontro é um pouco diferente daquela que tinha nas sondas em terra. Primeiro porque a vista é completamente distinta e apenas o mar se encontra à nossa volta; depois, porque o espaço é limitado, o que faz com que estejamos sempre em contacto com tudo o que se passa no Rig Floor, ou seja, sabemos sempre quais são as operações a decorrer, mesmo que estejamos nas acomodações. Apenas no quarto não contactamos visualmente com os acontecimentos, o que é natural. Os dias decorrem calmamente, uns com trabalho a mais, compensando aqueles em que a espera faz o turno parecer ainda mais longo…
Um dos colegas que trabalha comigo tirou umas fotos nos primeiros dias (eu não trouxe a máquina porque não sabia se me deixavam trazê-la a bordo…) e aproveito para vos mostrar um pouco do local em que me encontro. A primeira apresenta uma visão da plataforma, vista do barco que nos trouxe. A segunda mostra a forma peculiar como somos içados a bordo. Na última, podemos ver a unidade a ser transportada para o seu destino final a bordo. Ou seja, nestas condições, um dos trabalhos fundamentais por aqui é o de gruísta, uma vez que tudo tem de ser movimentado num espaço curto e só a utilização de várias gruas o permite.


Depois de um pouco mais de duas semanas, começo já a pensar no regresso, até porque tenho novidades à espera em casa. Aliás, a grande novidade é mesmo a casa, a NOVA casa. Estou já a contar os segundos para fazer as mudanças e instalar-me no espaço que eu e a minha “cara-metade” escolhemos para passar os próximos anos das nossas vidas! Mas já estou a divagar…

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

No Adriático

Neste momento encontro-me a bordo do Ocean King, no Mar Adriático, tal como havia esperado. A única diferença para aquilo que anunciara é que estou em águas territoriais croatas e não italianas. Além disso, a viagem foi no dia 27, depois de ter passado o Natal em casa. Saí do Porto à uma da manhã para poder embarcar no avião com destino a Bologna às 08:00. O dia foi, portanto, longo, tanto que ainda tive de ir de comboio mais duas horas até ao próximo destino, Ravenna, uma cidade costeira italiana, onde se situa a base operacional para este trabalho.
Na manhã seguinte, dirigi-me, com os restantes colegas, para a base, para podermos embarcar para a plataforma. A viagem foi efectuada de barco e durou cerca de duas horas. O meu estômago não se portou lá muito bem mas, felizmente, não ocorreu nenhuma descarga ao mar.
A primeira tarde e a manhã seguinte foram de adaptação, uma vez que a unidade ainda se encontrava no navio, à espera de ser colocada no seu local. Assim, foi possível, com tempo, conhecer os “cantos à casa” e perceber como funcionava tudo, desde as refeições à lavandaria. Os dias seguintes foram mais ocupados, com a montagem de todos os sensores e colocação da unidade em estado operacional.
As primeiras noites foram um pouco complicadas: além de ter pouco tempo para dormir, também não estava ainda ambientado ao constante barulho e tremideira. Agora já durmo um pouco melhor, embora não seja tanto quanto deveria.
A entrada no novo ano foi brindada, não com champagne, mas sim com frio… Enquanto toda a tripulação festejava na cantina (toda a sonda estava deserta!!!), a nossa equipa estava à porta da unidade, a levar com o vento gelado vindo de Norte, apenas fazendo um pequeno intervalo no trabalho para ficar a ver o fogo de artifício que, a mais de 70km de distância, era possível ver na costa da Croácia. Devo dizer que, apesar de não ser o Reveillon que esperava, foi especial à sua própria maneira! Já agora, aqui ficam os meus votos de um 2008 em grande para todos!!
Neste momento, o trabalho estabilizou e posso dizer que já estou a ficar familiarizado e adaptado a esta vida no mar. As condições não são perfeitas mas também nunca esperei um cruzeiro de 5 estrelas…