quarta-feira, 20 de abril de 2011
Nada de novo a Sul
domingo, 15 de agosto de 2010
Novamente, no continente do futuro
Entretanto, fiz novo turno, entre Abril e Maio, voltei a casa para partir de seguida para uns dias à descoberta de Paris, tendo ficado, depois, mais algum tempo em casa, com a oportunidade de ver o Mundial de Futebol do início ao fim... Neste momento, já me encontro há 3 semanas no Congo, sobrando ainda 4 semanas para voltar a casa, se tudo correr normalmente.
Depois de termos furado a um ritmo alucinante e fora do normal, agora esta fase é um pouco mais calma.
Para mim, estes turnos em terra têm sido agradáveis. Naturalmente, continuo a preferir offshore, mas acabei por encontrar aqui razoáveis condições: à falta de um ginásio, tenho a estrada para correr, pelo que continuo a manter a minha forma física; um quarto individual, mesmo que não seja 5 estrelas, é melhor do que ter que partilhar com desconhecidos; a comida, mesmo não tendo os padrões de qualidade a que me habituei nos últimos tempos, não é má de todo, não faltando o essencial; as pessoas são afáveis, na sua grande maioria, e tenho criado boas relações com todos os colegas. Em suma, as minhas dúvidas quanto à mudança para o trabalho em terra, estão de certo modo, dissipadas. Arestas há que limar, como em todo o lado, mas não tenho grandes razões de queixa.
Em termos de comunicações, ficam um pouco mais caras, uma vez que as chamadas telefónicas saem do meu bolso. A rede de telemóvel não é má e utilizo ainda uma ligação por banda larga móvel à internet (esta paga pela empresa). Mesmo não tendo capacidade suficiente para a utilização do skype, pelo menos consigo estar em contacto com o mundo, na grande parte do tempo.
Hoje comemora-se, um pouco por toda a República do Congo, os 50 anos da independência do país. Foi em 15 de Agosto de 1960 que este país se libertou da colonização francesa. De lá para cá, muito mudou, umas coisas para melhor, outras para pior. Tal como aconteceu com outros países com situações semelhantes, também este passou por diferentes fases, do marxismo-leninismo, à guerra civil, à luta pelo poder, à abertura à economia de mercado. Mas, passados estes anos todos, o povo continua a lutar pela sobrevivência, enquanto alguns, poucos, vivem no luxo, à custa do aproveitamento da riqueza do país para enriquecimento pessoal. É uma história já contada, vezes sem conta, mas para a qual os países ditos desenvolvidos, e neste caso particular, os europeus, continuam a fechar os olhos, pois não seria prudente puxar o tapete aos poderosos do país e perder os benefícios que têm obtido.
Nem tudo é mau, no entanto. Sobretudo, as pessoas. A sua alegria e simpatia. Mesmo com muito pouco, esforçam-se por ser felizes. Apenas precisam de acordar da letargia que o poder central lhes impingiu e começar a exigir as mudanças que merecem: melhores infraestruturas, habitação condigna, acesso à educação, desenvolvimento industrial (sem ser o da indústria extractiva e do seu lobby). Com um pouco mais e tenho a certeza que África é mesmo o continente do futuro... E eu cá espero estar para o viver...
domingo, 21 de março de 2010
(Quase) Fim de turno
Se é verdade que não tenho feito os meus treinos regulares, também não deixei de fazer exercício, embora diferente. Levantamento de caixas e equipamentos, essencialmente, é esse o motivo pelo qual não posso dizer que parei de me exercitar. Claro que devo ter perdido alguma da resistência que ganhei mas espero recuperar o tempo perdido assim que volte a casa.
Com um horário de trabalho do tipo "escritório", tenho o sábado à tarde e o domingo livre, por isso hoje é dia de relaxar. A semana passada ainda dei uns mergulhos na piscina (noutra casa porque esta não tem...) e hoje só não vou até à praia porque, infelizmente, a época das chuvas está aí e não parece querer dar tréguas.
Será já na próxima quarta-feira que irei de viagem para casa, para o que espero sejam 5 semanas de descanso.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
De volta ao Congo
Tal como da última vez, irei para o Congo. A viagem está já marcada para o dia de Carnaval, chegando a Pointe Noire na manhã seguinte.
Segundo as informações que tenho, desta vez irei para uma sonda em terra, trabalhar para a ENI. Não é que me importe de estar com os pés firmes em terra, mas a verdade é que já me habituei ao trabalho offshore e a experiência mostrou-me que a vida é mais agradável no meio do mar do que na selva, principalmente ao nível das condições de alojamento e refeições, já para não falar do facto de não ter que viajar todos os dias para chegar ao local de perfuração...
Outra coisa que me deixa um pouco desiludido é o facto de ainda não saber se vou ter condições para continuar os meus treinos, numa fase em que, apesar de alguma preguiça em casa, estou a começar a ver resultados e a sentir-me preparado para enfrentar as primeiras provas. Não quero perder ritmo e ganhar novamente quilos mas tenho esperança de que alguma solução se arranje, quanto mais não seja correr à volta do acampamento.
As comunicações também não devem ser tão boas mas isso é algo a que me adapto facilmente. No fim de contas, vai ser bom ter mais uma nova experiência.
Quanto a estas semanas em casa, devo confessar que 5 semanas, por pouco que pareça, é bastante, até um pouco demais. Ou era eu que já estava habituado a rotações de 3 semanas e agora me sinto desorientado por me ver em casa sem saber o que fazer com o tempo, ao mesmo tempo que a preguiça se apodera de mim. Claro que agora vou sentir que o tempo nunca mais passa, no trabalho, e esse é o reverso da medalha. Tudo acabará por correr bem, eu sei, mas não consigo deixar de pensar que este é mesmo o espírito humano: nunca estar satisfeito! A verdade é que estou. Tudo tem melhorado na minha vida e não tenho razões para me queixar, olhando para o mundo, com as crises, desastres naturais e tudo o que as pessoas têm que passar para aguentar mais um dia, inclusive no Congo...
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Azurite
Durante esse turno, surgiram então as novidades, pois fui convidado a trocar a Europa, onde há pouco trabalho neste momento, pela divisão da África Subsaariana. Não disse nada entretanto pois esperava por confirmação da transição. Entretanto, tudo se precipitou e, nesta altura, já estou integrado na equipa desta região.
Mais de um ano depois, cumpre-se finalmente o meu desejo de regressar a África. O país que me acolhe para já é a República do Congo. A viagem realizou-se no passado dia 5 (Porto – Lisboa – Paris – Kinshasa – Brazzaville – Pointe Noire) e, contra as expectativas, acabei por ficar em Pointe Noire alguns dias. Apesar de não ter dado para passear muito nos 2 dias em que estive na cidade, deu para perceber que os contrastes africanos também aqui se encontram presentes. Num futuro próximo conto ter oportunidade de explorar melhor a cidade, pois fiquei a saber que é normal termos alguns períodos de standby durante as 5 semanas em que é suposto estarmos ao serviço de cada vez.
Finalmente, na quinta-feira fiz a viagem para a sonda, que neste caso não se poderá considerar como tal, uma vez que o Azurite é um navio, que, pela primeira vez na indústria, contém perfuração, produção, armazenamento e descarga de petróleo (FDPSO – Floating Drilling, Production, Storage and Offloading). Já existiam os FPSO (Floating Production, Storage and Offloading) mas este veio revolucionar a exploração petrolífera em águas profundas, com a instalação de uma torre de perfuração no meio do navio.
Escusado será dizer que este navio único, para já, no Mundo, é gigantesco, se comparado com a maior parte das instalações offshore, com mais de 300 metros de comprimento. Neste momento, a profundidade de água é de cerca de 1400 metros e estamos a cerca de 80 milhas da costa, em pleno Oceânico Atlântico. A esta região atlântica dá-se o nome sugestivo de Mer Profonde, pelo que mais nada será preciso dizer quanto à aventura em que estou envolvido.
Para já, posso dizer que a experiência tem sido interessante, apesar do pouco trabalho que tive até agora. Como será fácil de compreender, as coisas por aqui são feitas com precaução e tudo leva o seu tempo. Nada que me preocupe demasiado, tendo em conta que tenho um bom acesso à internet e ar condicionado na unidade. Por isso, não me está a custar a passar o tempo. Claro que preferia estar em casa nesta altura, ou então ter uma janela de oportunidade de passar, quanto mais não fosse, a passagem de ano em casa, uma vez que o Natal está fora de hipótese. De qualquer forma, tenho viagem de volta marcada para o dia 10 de Janeiro e é com essa data que conto. Já estou preparado para passar as festas fora mas se tiver uma boa surpresa, melhor.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Mais uma falta
Enquanto que, por casa, os políticos se batem por um lugar no poleiro, eu assisto via internet aos debates, às querelas, às provocações e evoluções, ao mesmo tempo que cumpro mais um turno, que já vai em mais de meio, com mais que fazer que nos últimos. O que é bom é que é no mesmo sítio, num que já conheço bem e ao qual já me adaptei. Deverá ser a minha última viagem para aqui mas as surpresas acontecem.
Não vou poder exercer o meu direito de voto (ou dever) mas espero que os porugueses que possam, não fiquem em casa e contribuam para uma melhor democracia. Não interessa a cor política, o que importa é que os políticos vejam que somos nós quem manda.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Ouro negro
Black Gold, no original, é uma nova série sobre o mundo da perfuração de petróleo. Ainda não sei se irá passar em Portugal e muito menos em que canal, embora seja a Discovery Channel a transmitir um pouco por toda a Europa, muito em breve. Aqui na Dinamarca estreia dia 25.
Pelo que já vi e li, esta série é mais virada para a realidade da perfuração no Texas, ou seja, será uma série à americana, com muito sangue e suor, bastante violência e espectáculo. Claro que essa não é bem a realidade na Europa e um pouco pelo resto do Mundo, mas ainda há sítios em que a vida humana é desvalorizada em prol da busca pelo ouro negro.
Também há alguns aventureiros por estas bandas mas, em grande parte, todo o trabalho é efectuado com rigoroso controlo de segurança, com apertadas medidas de protecção.
No entanto, será interessante, para quem goste de perceber um pouco mais sobre estes assuntos, ver como funciona a perfuração e quais são alguns dos perigos e rotinas desta indústria.
Eu sou um fã dos roughnecks, pois são eles quem sua e quem "dá o litro" durante 12 horas seguidas, 7 dias por semana, estando expostos a todo o tipo de adversidades. Mesmo assim, e em especial aqui no Mar do Norte, há muito poucos acidentes e, geralmente, com pouca gravidade. Com a experiência, as empresas foram aprendendo formas de evitar contrariedades e oferecem um ambiente relativamente seguro para quem aqui trabalha.
O meu trabalho é mais protegido, dentro de uma unidade com aquecimento e ar-condicionado. Só em situações de problemas técnicos é que fico mais exposto aos elementos. Até hoje, nunca tive nenhum incidente, a não ser uns pequenos cortes e queimaduras, que são normais.
Vendo o trailer desta série, fico ainda com mais vontade de me proteger sempre, assegurando que volto a casa são e salvo no fim de cada viagem.